quarta-feira, 28 de agosto de 2013

MORDOMIA DO COMPROMISSO

Compromisso é um acto de se ficar obrigado a algo por promessa ou acordo.

Para se assumir um compromisso é necessário haver um acordo ou uma promessa.
O acordo ou promessa é baseado na esperança de se dar algo e de receber algo em troca. Não vale a pena entrar em discussões teóricas sobre altruísmo ou sobre o “amor ágape”. No actual estágio da humanidade, turvado pela separação de Deus, os humanos não conseguem dar provas do mais puro dos relacionamentos, o dar sem pensar receber nada em troca. Mesmo quando aparentemente acontece é para aliviar a consciência ou então por alguma obrigação moral assumida como parte da sociedade.

O COMPROMISSO DE DEUS
Deus assumiu o compromisso de relacionamento directo, íntimo e pessoal com a criação. No Éden, as necessidades dos humanos eram da preocupação de Deus. Viviam vidas despreocupadas, sem a noção do que é a vida de trabalho para “sobreviver”. Tudo aquilo que nós chamamos erradamente de mãe natureza era da responsabilidade de Deus, que cumpriu a sua parte do acordo.
O que aconteceu foi que os primeiros habitantes resolveram deliberadamente desobedecer a Deus, desafiando a autoridade divina.
O compromisso do Éden, não era inconsequente, pois havia obrigações de ambas as partes.
Levados por um desejo independentista, os moradores do Éden, optam por se desligar do compromisso, ficando sem o relacionamento directo, íntimo e pessoal com Deus e passando a viver por sua conta e risco.    
A partir dessa altura, os humanos ficaram submetidos às regras do mundo físico e das leis que Deus fez para regerem o universo.
Do ponto de vista espiritual o ser humano ficou entregue à autoridade daquele que o levou a tomar a decisão de se separar de Deus.  


O alicerce da tomada de decisão no Éden foi uma mentira, a partir daí, a natureza humana foi sendo construída cada vez mais nos derivados da mentira.
Como uma raiz poderosa, a mentira, tomou conta da natureza humana e rapidamente deu frutos, com todas as consequências que ainda hoje fazem parte da humanidade e se reflectem em toda a criação.


Compromisso é sinónimo de ligação e de identificação com o que se concorda, assim o que aconteceu no Éden, foi o assumir de uma ligação com Satanás. Ao identificarem-se com esta nova ligação os humanos submeteram-se à sua nova autoridade espiritual.


Sabemos que tudo não passou de uma trapaça, mas mesmo assim, ainda hoje em dia, muitos humanos preferem viver na mentira, alimentando a maldade que lhes vai na alma e dando asas aos instintos e desejos, e de bom grado continuam sujeitos à autoridade satânica, mesmo em situações de aflição.
O ser humano, continua enganado, tal como no Éden. Julgando que pode ser independente de tudo, julgando que tem capacidade de resolver todos os seus problemas e até pensa que pode controlar o universo e as regras que o rege.


Muitos fingem que reconhecem a autoridade de Deus, mas caem no mesmo erro dos primeiros habitantes, ao se deixarem engodar por uma mentira. Muitos julgam que se pode fazer o que se quiser e que Deus fecha os olhos ou então que Deus é amor e que tudo perdoa, esquecendo-se essa gente que Deus não tenta ninguém nem se deixa tentar.
Deus, sendo um cumpridor da Sua Palavra e fiel aos seus compromissos, não altera nada só para fazer a vontade dos humanos, que querem que os desejos e instintos da maldade, alimentados pelas mentiras das hostes da maldade sejam considerados impunes.



Ao longo dos tempos, Deus tentou restabelecer a a ligação perdida com os humanos, mas foi constantemente rejeitado.
Deus renovou promessas, nomeou profetas, juízes, sacerdotes e outros interlocutores válidos, até separou um povo só para si para que lhe servissem de testemunho e mostrassem ao resto da humanidade o quão bom é viver sob a Sua autoridade.
Mesmo esse povo, rejeitou os juízes, desprezou os profetas, muitos dos sacerdotes tornaram-se rebeldes e optaram por servir os falsos deuses.
Todos os acordos foram sendo abandonados pelos humanos, até que Deus resolve, via Moisés, passar para escrito toda a segurança e as bênçãos que se têm quando a autoridade única é o Deus verdadeiro.
Não ficou apenas escrito as obrigações de Deus, também se escreveram as obrigações dos humanos. Cada parte sabia perfeitamente o que acontecia se falhasse o compromisso.

Um compromisso é uma garantia de segurança, não apenas entre os subscritores mas também para quem os rodeia.

Constantemente o povo falhava os seus compromissos, mas quando reconhecia o erro, e honestamente pedia perdão, o coração de Deus rejubilava de alegria e renovava o compromisso, baseado na humildade do reconhecimento da falta.
 
No Éden, assim não aconteceu, os protagonistas humanos não reconheceram a quebra do compromisso, nem se deram ao trabalho de pedir perdão, tentando antes arranjar desculpas sem fundamento, atirando as culpas para outros que não eles próprios.

A lição que se pode tirar, é que a culpa é pessoal e intransmissível e cada atitude nossa tem de ser ponderada, pois argumentos do tipo fui enganado, não é aceite, pois cada humano foi criado com inteligência e com livre arbítrio.

A forma que o povo pedia perdão a Deus, era através de ofertas voluntárias e de animais, pois  o pecado tinha de ser reparado.

Como o povo ia falhando cada vez mais os compromissos, Deus resolve vir pessoalmente anunciar a derradeira hipótese de reconciliação, abrindo assim o caminho a todos os humanos do planeta de entrarem na plenitude das regalias da autoridade divina, ou seja, Jesus Cristo veio anunciar o Reino de Deus.


Compromisso cristão é um acordo para reatar o relacionamento perdido no Éden entre Deus e os humanos.


Deus resolve selar este acordo com o que tinha de mais querido, demonstrando assim o seu enorme interesse e sinceridade nesta aliança

Um acordo é sempre marcado ou selado por algo.

Jesus Cristo, 100% Deus e 100% humano, oferece-se voluntariamente para ser o derradeiro sacrifício para a expiação dos pecados e assim consumar o perdão dos pecados que separava os humanos de Deus.
Com a crucificação e posterior ressurreição de Jesus Cristo, foi eliminada a última barreira que separava Deus dos humanos, a morte espiritual.  

Completamente de graça esta oportunidade de salvação, de não se viver eternamente separado de Deus, morto espiritualmente, a humanidade tinha um Caminho directo ao trono da glória do criador.
Cada um individualmente não precisa de fazer absolutamente nada fisicamente, basta reconhecer que está separado de Deus e que aceita a proposta de reconciliação consumada através de Jesus Cristo.


Compromisso cristão é um acto de adesão de livre escolha entre duas partes, que foi consumado por Jesus Cristo na cruz. Deus Pai é o primeiro signatário, sendo cada cristão signatário aderente. Do lado de Deus existe uma disponibilidade completa e permanente, do lado dos humanos cada um fará a sua escolha mas terá de ser livre.
 
OS CRISTÃOS SÃO MORDOMOS DE DEUS
Ao reatar o relacionamento, Deus torna-nos seus filhos e seus co-herdeiros com Cristo Jesus. Assumimos também a qualidade de Mordomos, pois Deus permite que os signatários se tornem administradores de alguns dos seus direitos e das suas possessões, mas sempre de acordo com a Sua vontade e Seus propósitos. 

O COMPROMISSO COMO FORMA DE VIDA
A fidelidade de Deus, cumprindo na integra os seus compromissos e derramando o seu amor sob a criação e tendo um carinho especial pelos humanos, faz com que o cristão, sendo Mordomo das coisas do Pai, coloque o COMPROMISSO como a sua forma de vida.

Como Mordomos de algumas das coisas de Deus, somos também a imagem visível do Soberano, ficando também os Mordomos responsáveis pela transmissão e manutenção da “boa imagem” de quem representamos. Equivale a dizer que somos responsáveis não apenas pela boa imagem do visível e espiritual, mas também pela imagem dos procedimentos e atitudes de Cristo.

procedimentos e atitudes de Cristo
*      Propósito – Vida com objectivos, intenção, projecto, decisão;
*      Compromisso;
*      Legitimidade – Autêntico, genuíno;
*      Justiça – Imparcialidade da confiança;
*      Responsabilidade – Que tem consciência dos seus actos;
*      Convicções – opinião firme;
*      Lealdade – sincero, franco;
*      Fidelidade – dedicado;
*      Honestidade.

Princípios da pessoa comprometida com o evangelho
ü  Sabe que é um pecador, salvo pelo sangue de Jesus;
ü  Sabe de que foi salvo pela graça;
ü  Sabe de que passou a ser um “estrangeiro” numa terra estranha;
ü  Sabe que tem um acordo com Deus, selado com o que Deus tem de mais querido;
ü  Sabe que tem um relacionamento com Deus e deve fazer tudo para o manter;
ü  Conhece a fragilidade da sua natureza humana;
ü  Conhece o que é o Reino de Deus;
ü  Reconhece a autoridade de Deus;
ü  Reconhece a criação como propriedade de Deus;
ü  Aceita viver, partilhar e dedicar a sua vida segundo os princípios bíblicos;
ü  Reconhece que precisa constantemente do Espírito de Deus, na caminhada da vida terrena.

Ambiente sócio-cultural 

A sociedade da actualidade vive sob a filosofia e estilo de vida com os seguintes valores:
-         Valorização do “eu” e dos seus interesses;
-         Valorização da satisfação pessoal e do prazer;
-         Massificação da cultura, e globalização da mesma;
-         Negação dos absolutos, pois a evolução altera o anterior;
-         Aceitação da diversificação, com o paradoxo que só aceitam os que pensam de igual forma;
-         A mesma pessoa pode aceitar uma coisa e o contrário ao mesmo tempo e não se vê nisso uma contradição;

Consequências sócio-culturais deste estilo de pensamento:
-         Aceita bem as contradições e os paradoxos das suas filosofias;
-         Desvalorização do altruísmo, não se preocupando com os outros;
-         Negação do auto controle;
-         Miscigenação global com perda da diversidade cultural;
-         Miscigenação religiosa, em que só existe um deus, para o qual todas as religiões apontam, pois cada religião tem é um caminho diferente;
-         A não constância dos conceitos ideias, leva à despersonalização individual;
-         Os valores são: -Não ter convicções, sejam políticos, éticos, religiosos, sociais ou outros;
-         Sem convicções também não há compromisso.

Vivendo numa constante mutação de valores, sem convicções e sem a diversidade, a sociedade entrou numa espiral de auto-destruição e está a transformar-se numa sociedade sem perspectivas de futuro e sem futuro não há segurança.


Compromisso cristão
Embora viva numa sociedade decadente, o cristão comprometido, aceita o desafio de ser MORDOMO do criador, e aceita ser a visibilidade de Jesus Cristo, querendo viver segundo os princípios do evangelho e reflectindo as mesmas atitudes e procedimentos de Cristo.
Ao assumir o Compromisso Cristão, os Mordomos sabem que a sua individualidade será respeitada, e a sua humanidade será exponenciada para aquilo que foi criado. 

CRISTÃO  COMPROMETIDO
*      Cristão comprometido não faz nascer a marca “eu”, pensa antes em viver com o meio que o rodeia e ser participante nas aflições e alegria dos outros. Ajuda os necessitados, os doentes, os idosos e os frágeis;
*      Cristão comprometido não vive da aparência, não valorizando os bens materiais e o estatuto social;
*      Cristão comprometido é fiel nos seus compromissos, mesmo que mudem as circunstancias e saia a perder;
*      Cristão comprometido sabe o quão difícil foi a vinda de Jesus à Terra e a consequente crucificação, por isso valoriza a obra de Jesus;
*      Cristão comprometido é aquele que sabe que os princípios de Deus são de difícil aplicação, mas que se entrega nas mãos do Espírito de Deus, para o ajudar nas fraquezas;
*      Cristão comprometido é aquele que descobre que a vida não é para alimentar a natureza humana, embora pareça lógico e bom;
*      Cristão comprometido vive pela fé e o seu coração vai sendo alimentado pela esperança em Jesus Cristo;
*      Cristão comprometido sabe aonde há-de alimentar a sua alma e o seu espírito, não se enchendo com lixo;
*      Cristão comprometido gosta de fazer a vontade de Deus, assim como os apaixonados gostam de fazer a vontade do outro;
*      Cristão comprometido respeita a diferença e as posições dos outros, pois sabe que a livre escolha é um princípio divino;

É através do nível compromisso que se distinguem os crentes.
Dentro de uma comunidade cristã, existem características comuns entre os membros:
- Frequentam o mesmo espaço;
- Normalmente, são membros;
- Sentam-se ao pé uns dos outros;
- Ouvem as mesmas pregações;
- Desejam ser abençoados;
- Desejam Segurança;
- Têm projectos comuns.

Mas nem todos têm o mesmo nível de compromisso:
·         Alguns não têm grande fé nos estudos bíblicos, nem acreditam que as escrituras devam ser encaradas como uma realidade;
·         Gostam de um cristianismo leve, que não mexa muito com o seu estilo de vida;
·         Gostam do lazer e de alguma atenção, e conseguem encontrar um pouco disso na Igreja;
·         Gostam de ajudar, desde que não entre em conflito com a sua agenda pessoal, que é prioritária;
·         Gostam de cultos evangelísticos, das celebrações, das festas ou dos passeios;
·         Gostam de ouvir falar do amor de Deus;
·         Gostam de ler na Palavra as promessas;
·         Acham que tudo tem de ter uma utilidade para si próprio, mesmo o evangelho;
·         Acham que as convicções são fonte de conflito;
·         Não gostam de se ser confrontados com a Palavra, quando mexe com o seu estilo de vida;
·         Não gostam de se humilhar diante da Palavra, nem se acham pecadores.


A diferença de compromisso entre os crentes não se manifesta à superfície, e por vezes nunca se chega a saber o grau de compromisso.

A vida cristã é uma vida prática, não é uma aplicação intelectual do que se acha que é bom e correcto. Não chega fazer uma listagem do que se considera ética e normalmente correcto e a seguir tentar viver segundo padrões estabelecidos.

COMPROMISSO INTEGRAL
Muitos simpatizam com Jesus salvador, anseiam profundamente as suas bênçãos, tais como ser perdoados, desejam a paz, gostam de ser consolados, gostam até de ser participantes das regalias, mas não querem o compromisso integral.
Não chega dizer, Jesus é Senhor, quando não se está disposto a aceitar a Sua soberania e a viver de acordo com os Seus princípios.


Fé e compromisso, andam sempre juntos. Sem fé não se pode ver a Deus e não havendo fé firme, os compromissos são rapidamente contornados ou abandonados.
A importância com que valorizamos a fé é directamente proporcional à importância com que valorizamos o compromisso com o evangelho.


Não se pode ser mordomo de alguém, quando não se tem um compromisso fiel com o proprietário.


Jesus disse:
"Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna."  (Mateus 5 : 37)

 

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